domingo, 3 de outubro de 2010

Capítulo 1



2007


Isabella P.O.V


Olá, o meu nome é Isabella, podem-me chamar de Izzie como todos os meus amigos me chamam. Eu sou uma rapariga normal numa escola normal, até ao dia da graduação.

Isabella: (Eu estava com as minhas roupas de graduação no pátio da escola, á procura do meu pai, estava a ficar nervosa)
Tracy: O que é que se passa Izzie? (A minha melhor amiga Tracy perguntou-me com um sorriso adorável nos lábios
Isabella (Sorri para ela): Nada, estou á procura do meu pai. Ele está atrasado. Outra vez. (Fiz uma cara engraçada que fez a Tracy rir, eu também ri)
Tracy (Depois nós ouvimos o professor de Espanhol a chamar-nos e sabíamos que era a hora da cerimónia, a Tracy agarrou-me a mão e puxou-me para os nossos lugares): Anda lá!
Isabella: Okay! (Eu segui-a mas ainda estava a procurar pelo meu pai)




1 Hora Depois



Isabella: (Eu estava sentada numa cadeira ao lado da Tracy na cerimónia de graduação, mas não estava a prestar atenção nenhuma. O meu pai devia de estar aqui, nós estávamos prestes a atirar os chapéus ao ar para celebrar, supostamente os nossos anos de colégio, que finalmente tinham acabado. Foi nesse exacto momento quando os nossos chapéus estavam no ar…)















Isabella: (O meu coração começou a bater fortemente dentro do meu peito, eu pus a mão no peito. Enquanto toda a gente estava a celebrar eu estava a tentar acalmar a minha respiração, alguma coisa estava mal. Pensei rapidamente no meu pai e para a minha irmã pequena, Sofia.)
Tracy (A Tracy estava atrás de mim, também a celebrar e a rir, isso foi quando ela me viu. O seu sorriso desapareceu e ela perguntou-me): O que é que aconteceu Izzie?
Isabella (Eu respirei fundo e olhei para ela): Eu, eu, eu… (Eu nem conseguia falar então rapidamente me dirigi para dentro da escola, em direcção á casa de banho das raparigas)
Tracy:
O quê? (Ela perguntou-me preocupada, mas eu já não estava lá. Então ela seguiu-me, deixando a festa)
Isabella: (Quando eu cheguei á casa de banho coloquei as mãos sobre o lavatório, estava a respirar fortemente, como se tivesse corrido quilómetros. Eu olhei para a minha reflexão no espelho e vi que estava muito pálida, alguma coisa tinha acontecido e eu sabia, eu era como a minha mãe, quando alguma coisa estava mal eu podia sentir, e infelizmente eu nunca me enganava nisso. Os meus pensamentos foram interrompidos pela Tracy quando ela entrou na casa de banho)
Tracy: O que é que se está a passar? Estás bem Izzie? (Ela chegou perto de mim e colocou as mãos nos meus ombros enquanto eu continuava a respirar pesadamente)
Isabella (Depois de alguns minutos de silêncio eu olhei para ela): Eu tenho de ir para casa!
Tracy: Porquê? (Perguntou-me confusa)
Isabella (Eu abanei a cabeça, tão confusa como ela): Eu não sei, mas eu tenho de ir. Eu tenho de ver a Sofia. (Sai da casa de banho pronta para ir para casa)
Tracy: O quê? Espera! (Eu ouvi ela a chamar por mim, mas eu continuei a caminhar, ela correu até mim) Eu vou contigo. (Disse sem fazer mais perguntas)
Isabella: (Eu assenti, eu não queria estragar a graduação dela mas o sentimento que eu tinha estava a assustar-me, então eu não queria estar sozinha, por isso deixei-a vir comigo. Nós saímos da escola e caminhámos até minha casa, que era perto dali)

 













Isabella: (Quando chegámos a minha casa eu tirei a chave do bolso para abrir a porta, mas quando a ia abrir a chave caiu. Eu olhei para a Tracy, isto não era um bom sinal. Peguei na chave novamente e abri a porta)
Isabella:
Pai, estás em casa?
(Ninguém respondeu, eu percorri toda a casa mas não vi ninguém. O carro não estava na garagem. Olhei para a Tracy sem saber o que fazer, peguei no telefone e liguei para o meu pai)
Tracy: Eu tenho a certeza que ele está bem… (Ela sorriu para mim, fazendo me sentir melhor)
Isabella (Eu sorri levemente): Bem, ele podia atender o telefone. (Zangada, estava prestes a desligar quando ele atendeu) Pai? Onde é que…? (Fui interrompida)
* É a filha do senhor António Costa? Daqui é a Kristen do hospital de L.A, eu lamento mas o seu pai teve um acidente de viação *

Isabella (Os meus olhos arregalaram-se em puro choque e medo, senti a minha mão a perder a força): O q-quê? (Respirei fundo)
Tracy (Quando ela viu a minha cara venho em direcção a mim): O que é que se passa Izzie?
* Eu lamento muito, mas ele não sobreviveu *

Isabella: (Naquele momento eu deixei cair o telefone e ajoelhei-me no chão enquanto sentia as lágrimas a acumularem-se nos meus olhos. Eu não queria acreditar que aquilo tinha acontecido. A minha respiração começou a falhar e quando dei por mim estava a chorar desesperadamente, com a Tracy ao meu lado a tentar confortar-me)

16 de Junho de 2007, ficou conhecido como o dia em que 200 estudantes se graduaram na escola East High School, mas para mim ficou conhecido como o dia em que o meu pai morreu num acidente de carro a caminho da minha festa de graduação. Eu tinha 18 e a minha irmã 5. A nossa mãe morreu com cancro da mama quando eu tinha 15 e ela 2.





















Isabella: (Eu estava com roupa preta com a Sofia nos meus braços, em frente ao buraco onde iam enterrar o meu pai, já passaram 2 dias desde que eu recebi a notícia, o meu coração está partido, a minha alma está vazia, mas o lado de fora estava o mais forte que podia. A Sofia ainda estava confusa enquanto olhava para o grande caixão, ouvindo as pessoas ao redor de nos a chorarem, eu tinha de me aguentar por ela. Por trás dos meus óculos de sol eu senti lágrimas a acumularem-se quando ele colocaram o caixão dentro do buraco, ao lado da campa da minha mãe. Eu fiquei ali como uma estátua enquanto ouvi as palavras do padre sobre o céu, paz e serenidade. Mas porque é que eu não consigo sentir isso? Eu coloquei a Sofia no chão e vi-a a atirar uma rosa para dentro do buraco, com a sua pequena mão. O meu coração partiu.)
Sofia (Quando ela a atirou virou-se para mim): Podemos ir para casa agora? (Perguntou-me com aqueles olhas grandes e tristes)
Isabella: (Eu respirei fundo, quando ia responder-lhe alguém me interrompeu)
Tracy: Izzie… (Aproximou-se de mim, toda de preto e abraçou-me de lado) Eu lamento imenso. (Suspirou)
Isabella (Eu suspirei, ela diz-me isso todos os dias): Eu sei. (Eu peguei na mão da Sofia) Vamos para casa querida? (Ela assentiu e nós fomos em direcção ao carro, aquele lugar era muito deprimente, eu não queria que a Sofia estivesse mais lá, a Tracy seguiu-nos, a família dela convidou-nos para ficarmos lá, pelo menos…até á universidade. Eu suspirei e olhei para a paisagem pela janela, a universidade é um sonho que eu não posso realizar. Eu segurei tanto as minhas lágrimas quando vi as pessoas a saírem de casa para irem para a praia, a escola tinham acabado e toda a gente estava a preparar-se para o Verão. A mim era completamente o contrário, parecia que estava a morrer um pouco todos os dias. Olhei para o banco de trás e vi a Sofia a dormir, sussurrei para a Tracy) Obrigada, por tudo…
Tracy (Ela assentiu enquanto conduzia): Tu podes contar comigo, tu sabes disso.
Isabella: (Eu assenti e o silêncio voltou novamente. Lembrei-me do que a mãe da Tracy disse: a dor na Sofia fá-la dormir, por isso ela tem andado esgotada estes dias. Eu gostava de poder dormir, as minhas noites são ocupadas pelas minha lágrimas, não permitindo o meu corpo descansar)


Como as pessoas os Verões vêm e vão. E aquele Verão, aquele doloroso Verão acabou. A Tracy foi para a Universidade noutro estado. A mãe dela disse que podíamos ficar em casa dela, eu não podia dizer que não, eu não era suficiente forte para continuar sozinha. Nós ficamos lá por um ano, e eu encontrei o meu primeiro trabalho. Depois disso, outro Verão chegou e a Tracy voltou, mas eu e a Sofia mudámo-nos para a primeira casa que eu comprei. A casa dos nossos pais estava vendida e com os meus primeiros salários eu comprei um pequeno apartamento. Sinceramente eu não gosto dele, mas eu não podia ficar mais lá. Eu sabia que tinha de viver a minha vida sem ajuda, eu tinha de crescer, infelizmente da maneira mais difícil. Nós somos de Itália, isso significa que não temos mais família em L.A. Eu tive de desistir do meu sonho de ir para Harvard para estudar Economia. Alguém tinha de cuidar da Sofia, eu não me estou a queixar, eu adoro-a. Desde que a nossa mãe morreu era eu que tomava conta dela e da casa, era muito difícil para o meu pai por isso eu ajudava-o, mas agora sou só…eu.

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